Frank Frazetta (1928 - 2010), muito conhecido dos fãs de hq's, por redefinir visualmente, através de suas capas de Conan, o gênero de "espada e bruxaria", desde a infância, tinha, em comum com Walt Disney (1901 - 1966), uma necessidade quase incontrolável de desenhar. A diferenciá-los, entre outras características, está o fato de que Frazetta era um virtuose do desenho e da pintura, enquanto que Disney era um desenhista muito limitado.
Dito isto, podemos pensar sobre a que talvez seja a maior diferença entre os dois. 
Frazetta declarou certa vez que, para ele, sua vocação apontava direto para as revistas de histórias em quadrinhos. Assim, trabalhar com hq's seria, para ele, uma exigência do "talento". 
Por outro lado, para Disney, o maior apelo criativo vinha, sem dúvida, dos desenhos animados! 
Porém, possivelmente, a maior diferença entre os dois reside no fato de que Disney, apesar de alma de artista criativo, tinha também alma de empreendedor, como é também o caso de Stan Lee (1922), por exemplo!
Um pensamento ingênuo - que pode ocorrer a qualquer leitor de histórias em quadrinhos - é o de que, para ser bem-sucedido profissionalmente, saber desenhar é uma exigência inescapável! 
Para ser bem-sucedido, talvez seja mesmo, mas para se chegar a ser um milionário como o foi Walt Disney, dono de um império construído a partir das aventuras de ao menos um personagem espetacular, ter tino para negócios é a verdadeira exigência!
Analisemos, por exemplo, a história publicada acima, Dodger (1948). 
É indiscutível que, apesar da excelência dos desenhos, o roteiro não é lá essas coisas. Temos aí, explicitada, talvez, a verdadeira diferença entre Disney e Frazetta: o nível de exigência do trabalho empresarial de Disney recaía obsessivamente sobre a qualidade dos enredos de suas animações! Talvez o virtuosismo técnico e graficamente expressivo de Frazetta o tenha feito relaxar nesse quesito. É bom saber, entretanto, que temos muito material de Frazetta de alta qualidade para publicar nesta coleção em breve.